“O melhor é que faço a terapia pra mim mas serve para todos os filhos…”; “Pode escrever mais um case Lydia: Uma mãe que depois do grupo de pais não dá palmada no filho há 4 meses”; “Uma postura que incorporei é que sou uma mãe suficientemente boa e é isso”; “É bom ter um lugar aonde podemos mostrar que não sabemos, que passamos dos limites, que sofremos…” Tantos relatos e depoimentos confirmam que o caminho é Cuidar de quem Cuida.

É muito difícil os pais estarem disponíveis para amparar o filho ou colocar o limite sem agressividade se não estão bem. Criei o grupo de pais no início de 2015 em Brasília depois de ter trabalhado mais de 15 anos com psicoterapia de crianças e adolescentes e muitas vezes me deparar com limitações na mudança da dinâmica da família e do clima da casa.  A ideia era antes de tudo ter um lugar de cuidado para esses pais.

Cuidar de quem Cuida.

 Com o grupo de pais fiquei surpresa com os relatos positivos e repercussão nas crianças em pouco tempo, sem querer gerar expectativas porque cada um tem o seu processo e precisa ser respeitado. A influência do estado emocional dos pais é direta no comportamento do filhos. Os filhos reagem ao que os pais sentem. E não ao que eles dizem. Por isso o trabalho terapêutico surte mais efeito que as orientações.

Grupo de pais? Curso de pais? O que é isso? Muitas pessoas ficaram surpresas pois nunca tinham visto um trabalho assim: Terapia para Pais?

E como não termos uma terapia voltada para uma tarefa como essa? Desempenhar uma das tarefa mais desafiadoras da vida –  criar um filho – merece cuidado, respeito e amparo. A Maternidade e a paternidade mexem e remexem por dentro. O jeito de ser, como fomos criados tudo vem à tona nesse processo de tornar-se mãe, pai.

Com intuito de abrir espaço para essas questões o Grupo de Pais foi criado. E a cada semestre abro novas turmas.

O grupo funciona como um Workshop pois temos vivências, parte teórica, trabalho corporal além de orientação na atuação com os filhos. Os encontros acontecem no consultório. Mas no último semestre tivemos encontros também no cinema. Aproveitamos a oportunidade da exposição do filme O Começo da Vida e fizemos o Grupo de Pais no Cinema com direito à discussão no café após a sessão. O espaço para troca com prazer é muito importante para equilibrar uma vida, às vezes corrida e compromissada.

Fiquei muito emocionada em ver ilustrado no documentário a proposta que é a mesma do Grupo: Se quisermos um mundo melhor precisamos investir nos pais. Isso muda paradigmas e redireciona políticas pública. “O Maior Investimento na Economia de um País é o investimento no Amor.” Uma frase que me marcou no documentário.

Leia mais sobre Amor e liberdade no post Se me Ama Deixe-me Livre.

Porque a proposta de sermos pais mais seguros, autoregulados possibilita criarmos filhos autônomos e independentes. E esse funcionamento na vida, para a vida, gera liberdade e auto suficiência financeira. Isso faz girar a Economia. Independência financeira é problema para uma grande parcela da população de jovens hoje em dia. Uma  geração que recebeu pouco limite, não foram treinados a lidar com a frustração e receberam garantia do direito a felicidade e ao consumo.

Educar para ser independente traz o fundamento oposto no qual o sofrimento e a dificuldade são parte da vida e de cada etapa de desenvolvimento. É parte da vida poder, “ter que” e saber esperar. E lidar com essa falta. Se acrescentarmos que podemos nos sentir capazes de passar por isso a dificuldade torna-se uma dádiva. Quantas vezes nosso empoderamento veio de situações limites?

Voltando ao Grupo de Pais, porque se vou abrindo janelas podemos conversar sobre o mundo em uma página, o espaço é do grupo é para nos empoderarmos como pais podendo reconhecer, dividir e passar pelas dificuldades.

Esse trabalho me move! E é parte de um grande movimento que possibilita interromper os ciclos de retraumatizações. Trauma gera violência. E a conexão gera possibilidade.

Pode parecer muita pretensão para um grupo mas é essa a energia que coloco e que tem fluído nos grupos e para além deles.

 

Agradeço aos meus pais…

A cada pai e mãe que presente no grupo possibilita esse movimento criativo…

E ao meu filho que me revira e me encanta a cada dia.

 

Lydia Joffily

filha, mãe, psicóloga