Para começar essa conversa preciso dizer:

Bater no filho é crime!

E então podemos conversar sobre os efeitos psicológicos?

Esse mês nosso tema é No Limite. Como os pais muitas vezes passam do seu próprio limite. E com isso ensinam ao filho a fazer o mesmo. Resolvi falar sobre palmada porque ainda hoje recebo dezenas de famílias que ainda batem nos filhos. E a justificativa é sempre o comportamento do filho.

Mas o que resulta no comportamento do filho?  O temperamento, que já nasce com ele, mais as influências do meio, como o filho foi criado. O que ele recebe.

É impossível ensinar o respeito o autocontrole batendo!

Quando você bate você ensina ao filho que quando ele estiver frustrado ele também pode bater. E eu vejo isso acontecer com várias crianças e adolescentes. Eles apanham em casa e batem nos colegas da escola. As vezes desenvolvem comportamentos opostos nos dois ambientes. Em casa submissos, passivos – senão vão apanhar mais. E na escola assumem a forma “poderosa do pai ou da mãe” e batem. Assim extravasam a raiva, a dor e saem da impotência de quando estão apanhando.

Bater não educa. Reprime! Você quer seu seu filho seja um adulto inseguro! Que não se defende? Que se deixa ser humilhado? Abusado?

Não? Então, Não bata no seu filho.

Porque é isso que você está ensinando.

Apanhar pode causar até impotência sexual quando adultos. Já recebi alguns adultos que forma crianças vítimas de agressão física. Quando apanham o corpo se contrai. Isso gera um padrão de congelamento muscular que pode seguir por toda a vida.

Eu sei que você, pai ou mãe, quando bate muitas vezes o faz porque acha que não tem mais o que fazer. Inconscientemente você bate para sentir que está fazendo algo. Senão você fica na sensação de impotência que é devastadora.

Sentir-se impotente é muito ruim. E quando você bate é isso que seu filho sente, impotência. Impotência porque fica aterrorizado de medo de ver você transformado em um monstro descontrolado.

É essa imagem que você quer que seu filho tenha de você?

Trabalhando com pais, crianças e adolescentes por mais de 16 anos percebo como essa histórias são difíceis para os filhos e para os pais. Porque depois de bater é comum que os pais sintam-se culpados. Perceber a falta de controle também dá a sensação de impotência.

Isso vira um labirinto sem saída.

Alguns pais quando nas orientações percebem o efeito devastador na personalidade do filho tomam consciência e mudam o comportamento. Mesmo mudando demora um tempo para o filho confiar que aquele pai não vai bater mais. Por isso é importante os pais assumirem o erro e se comprometerem com os filhos com essa mudança de comportamento. Assegurando que não irão mais bater. E precisa ser feito assim. Senão pode gerar mais insegurança e quebra de confiança.

 

Se você quer que seu filho te respeite precisa respeitá-lo.

Bater é um desrespeito máximo!

Para com o corpo dele, para com a pessoa que seu filho é.

(Aliás, esse é um ponto, você consegue ver seu filho como uma pessoa, como um sujeito de direito?)

É maravilhoso ver a mudança de comportamento desses pais que tomam consciência e transformam o ambiente da casa em um ambiente seguro e de respeito.

Assim os filhos para crescer e se desenvolver em todas as suas potencialidade.

Contudo, muito pais também tiveram uma história difícil e não sentem-se capazes de mudar. Por isso criei o Grupo de Pais para cuidar dos pais. Cuidar de quem cuida garante que teremos no mundo muito mais pessoas amadas. Os pais precisam ser cuidados.

É muito ruim ser refém do seu descontrole! Quando você assume isso e aceita ajuda poderá tem uma vida melhor. Poderá ter escolhas. Esse processo e os relatos me mostram que esse é o caminho! Cuidar do Cuidador!

Você pai/ Você mãe, pode ser uma pessoa melhor para você mesmo! E para o filho!

O mundo agradece. Trauma gera violência e violência gera mais violência.

Só você pode interromper esse ciclo de retraumatização.

Tenha coragem de melhorar! Venha fazer parte desse Grupo de Pais que se deixam cuidar e cuidam uns dos outros.

Leia mais: Pais merecem cuidados